Fonte: Jornal do Centro
A recém-criada Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos diz que o setor está em “estado de emergência”. Sedeada em Viseu e a representar já 169 empresas que faturam 138 milhões de euros, o presidente, Pedro Magalhães, receia que muitas delas fechem as portas.
“Nós já estamos com muitas empresas incapazes de cumprir com as suas obrigações com os seus colaboradores ao nível dos salários. A situação vai-se agravar no fim do mês com o fim do lay-off. Antes de março de 2021 não acreditamos que vamos voltar à nossa normalidade”, vaticina Pedro Magalhães, presidente da Associação.
A ideia de ser criada uma associação tem vindo a ser falada há décadas, mas acabou só por surgir neste contexto da pandemia COVID-19 com o objetivo de reunir estes profissionais, até então dispersos, garantindo a sua credibilidade e representatividade no mercado e servindo de interlocutora perante as entidades competentes.
Segundo um inquérito que foi realizado aos associados, as 169 empresas já pré-inscritas representam 1350 portos de trabalho direto e mais de 4 100 quando se fala de freelancers dentro desta área que envolve técnicos de som, de iluminação, vídeo e outros profissionais. “E isto representa menos de 50 por cento do que é a realidade”, sustenta Pedro Magalhães que fala em mais de 20 milhões de euros de prejuízo, no setor no segundo trimestre de 2020.
“Algumas empresas conseguem chegar aos 6 por cento do que é a sua realidade em termos de atividade, mas isto não é nada e assim não conseguimos manter as empresas que são tão importantes para o setor do turismo”, realça ainda.
A recém-criada associação quer o setor com regulamentação através de legislação específica. Pedro Magalhães lamenta que, por exemplo, esta atividade ainda não tenha um CAE.
“Queremos regulamentação para defender e valorizar os interesses dos associados. Para isso, temos já a preparar o agendamento com os ministérios da Cultura e Economia, as comissões parlamentares e a Associação Nacional dos Municípios Portugueses e de Freguesias. Queremos também definir um plano de formação e certificação”, refere o presidente.
A associação é apadrinhada por Pedro Abrunhosa. O cantor, que esteve presente no lançamento, disse que ainda está a dar o “benefício da dúvida” ao Governo para que este dê um sinal mais positivo ao setor cultural.
“É preciso reforçar o Orçamento de Estado no que diz respeito à cultura, isso é fundamental, e que a o Ministério tenha uma posição mais tenaz e mais assertiva. Estou ainda a dar o benefício da dúvida à ministra para que tome posições, sobretudo para aqueles que estão ao serviço do espetáculo porque são uma linha invisível e não tem poder reivindicativo”, salienta o músico.
Pedro Abrunhosa diz que há uma forma de o próprio Ministério arrecadar verba, caso avance, por exemplo, a tributação das plataformas digitais que transmitem conteúdos.
“O que cresceu com a pandemia foram as plataformas digitais e é preciso que se encontre dentro de um contexto europeu uma forma de tributar estas plataformas que vivem dos nossos conteúdos”, sustenta.
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